A
LINGUAGEM LITERÁRIA
(por Allan Tenório Bastos de Oliveira, 4º período do curso de Letras )
A
literatura pode ser definida como uma instituição social que se desenvolve a partir de uma linguagem artística,
não-científica, em prosa ou em verso, sendo conhecida como uma manifestação
poética que tem como matéria a palavra. Quando à sua especificidade, é
necessário notar que há uma grande diferença entre linguagem literária, aquela
que se caracteriza pela literariedade; e linguagem não-literária, aquela em que
predomina a literalidade. Na linguagem literária se destaca a plurissignificação,
a conotação e a ambiguidade, sendo o seu sentido literário; Já na linguagem
não-literária as palavras tendem a conter um sentido único, isto é, ela tende a ser monossignificativa, predominantemente,
denotativa, destacando-se o seu sentido literal. São exemplos de gêneros poéticos o conto
literário, o poema, o romance etc. São exemplos de modalidades não literárias textos
de cunho científico ou histórico,
nos quais a objetividade e o propósito informativo predominam. Não se trata,
nesse caso, de fazer ficção, mas relatar os fatos de maneira objetiva, sem
ambiguidade, evitando-se a conotação.
De acordo com as idéias dos
formalistas russos - discutidas no livro Teoria da Literatura: uma Introdução,
de Terry Eagleton, especificamente, no capítulo O Que é Literatura - a literatura
existe apenas na forma escrita, caracterizando-se por um desvio das normas padrão
da língua. Isto é, de acordo com esse ponto de vista, a linguagem literária resulta
de uma espécie de violência contra as formas usuais do idioma, isto é, de uma espécie
de violência linguística, que se opera no intuito de tornar a linguagem estranha. Assim, de acordo com formalistas
como Jackobson, a literatura deve promover um efeito de estranhamento e
desfamiliarização em relação à linguagem cotidiana, produzindo, a arte literária,
uma revolução artística capaz de renovar a escrita.
Ainda
no capítulo O Que é Literatura?, presente no livro Teoria da Literatura: uma Introdução, também fica subentendido que uma
pessoa pode ler Os Sertões, de Euclides da Cunha, ou a Bíblia como livros de história,
utilizando-os como fonte de informação sobre os acontecimentos passados. Ao
consumir essas obras com esse fim, o leitor buscará nelas o seu sentido
literal. Porém, outros leitores podem ler as mesmas obras levando em conta o
seu sentido literário, entregando-se ao poder que elas têm de provocar a emoção
estética. Destaca-se, nesse caso, o caráter poético dessas obras, isto é, a
literariedade. Assim, de acordo com Terry Eagleton, a definição do que é
literatura pode variar de acordo com a
perspectiva do leitor e com as condições de produção da leitura. Ou seja, conforme
essa perspectiva, é possível se considerar uma mesma obra como literária em
determinado período histórico e como não-literária em outro.
Para
o linguista Roland Barthes, a literatura dá liberdade para o indivíduo
escrever, enquanto a língua obriga o indivíduo a falar. Talvez Barthes
estivesse certo quanto a isso, pois notamos que a literatura possui como
característica, como peculiaridade, a autonomia. Isso quer dizer que não existe
uma Gramática Normativa para a linguagem literária, mas uma Gramática Normativa
para a língua matriz. Finalizando,
podemos dizer que a literatura recria a realidade, sendo que essa recriação se dá a partir da recriação
da linguagem, isto é, que a linguagem literária tem como objeto o código lingüístico, ou seja, que a obra literária tem como
matéria prima, não os fatos que compõem a realidade em si, mas a palavra.
REFERÊNCIAS:
http://teorialiterariaufrj.blogspot.com/2009/07/linguagem-literaria.html
http://www.ufrgs.br/proin/versao_1/linguagem/index08.html
EAGLETON, Terry.
Teoria da Literatura: Uma Introdução. São Paulo. Martins Fontes, 2003.
A Literatura é o meio que o homem encontrou para comunicar-se consigo mesmo.
ResponderExcluirA Literatura é considerada a arte da linguagem verbal que explora todas as potencialidades de comunicação e expressão.
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