Ellen dos Santos Oliveira
“Sou o que amou, creu, esperou... E, um
dia, viu que a Esperança mente; viu que
é engodo a Fé; e viu que o amor só traz
pesar.” (A lâmpada velada)
Quem houve falar o nome Hermes Fontes, logo se lembra de uma das mais belas avenidas da cidade de Aracaju. Mas, o que nem todos sabem é que esse nome pertence a um grande poeta de nossa Literatura. Hermes Floro Bartolomeu Martins de Araújo Fontes nasceu em Boquim no interior de Sergipe, em 28 de Agosto de 1888. Filho de Camponeses,perdeu a mãe aos oito anos de idade, e nessa época muda-se para Aracaju carregando a fama de menino prodígio.
Em 1908 é aprovado em 1º lugar em um concurso público adquirindo autonomia financeira. Nessa época conheceu várias celebridades literárias e matricula-se no curso de direito da Faculdade Nacional de Direito bacharela-se com o costumeiro brilhantismo, comorelata o professor José Costa em seu livro de Antologias Poéticas de Hermes Fontes.
A obra do poeta marcou a poesia brasileira nas primeiras décadas do século XX, por seu arrojo formal e pela concepção estrutural inusitada de algumas de suas melhores obras. É dono de alguns dos mais belos sonetos da literatura brasileira, e também disseminou o uso regular do verso heterométrico que, em suas obras se aproxima do verso livre modernista. Sua obra influenciou muitos poetas de sua geração e teve o merecido acolhimento popular. Foi um poeta reconhecido em vida, mesmo não alcançando a felicidade como homem.
Viveu com um grande sentimento de traição por parte de amores e amigos. Sentimentos esses,que influenciam em sua produção poética, até induzi-lo a cometer suicídio.
O poeta sergipano foi autor de onze livros de obras poéticas:
Apoteoses (1908), Gênese (1913), Mundo em chamas (1914), Ciclo de Perfeição (1914), Miragem do Deserto (1917), Epopéia da Vida (1917), Microcosmo (1919), O Despertar (1922), A Lâmpada Velada (1922), A Fonte da Mata (1930). Publicou também um livro em prosa: Juízos Efêmeros (1916).
Confira na coluna abaixo uma entrevista com o professor José Costa que publicou uma Antologia Poética sobre o poeta sergipano.
Luis Carlos - Qual o fator primordial que induziu o senhor a publicar uma Antologia
Poética com as poesias de Hermes Fontes?
Prof. José Costa – “Conheci alguns poemas de Hermes Fontes em livros didáticos e em antologias simbolistas e fiquei intrigado com a desproporção entre as qualidades de seus poemas e o esquecimento a que era relegados em sua própria terra. Então, resolvi estudar sua poesia e selecionar os poemas que considerava dignos de serem lidos e apreciados nos dias atuais.”
Layanne Thays- Qual a importância do poeta H. F. para a nossa literatura, e especificamente literatura Sergipana?
Prof. José Costa – “H. F. foi considerado um dos mais importantes poetas de sua geração ao lado de Augusto dos Anjos. Suas obras iniciais tiveram enorme repercussão, fizeramno famoso e prestigiado na então capital do país. Após sua morte, foi esquecido e suas obras não voltaram a ser publicadas. Grande injustiça!”
Ari Leal - Quais as características literárias que encontramos em sua poesia?
Prof. José Costa – “A poesia de H. F. não se enquadra em nenhum estilo literário da época, de maneira integral. Foi considerado parnasiano, simbolista e pré – modernista e há razões para esses julgamentos.”
Ellen Oliveira - Quais as temáticas abordadas na poesia de H. F. que o consagrou como poeta?
Prof. José Costa – H. F. define – se como melhor poeta quando trata de assuntos interiores, quando fala de amor e das desilusões pessoais.
Corália Cirilo - Por que o senhor considerou em sua Antologia o livro “Mundo em chamas”, como o pior livro do poeta?
Prof. José Costa – “O livro “mundo em chamas” foi encomendado para ser distribuído em escolas e o tema também lhe foi imposto - A primeira guerra mundial. Ele desenvolve essa temática citando os países em guerra, e falando de seus aspectos históricos e culturais. São versos prosaicos, sem nenhuma inspiração pessoal e sem expressividade poética.”
Elma Ribeiro - Dentre todos os poemas de H. F. qual o seu preferido? Prof. José Costa – “A taça.”
Abaixo o poema "TAÇA" de Hermes Fontes:
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