Dia 18 de dezembro foi um dia histórico para a ExNEL. Nele foi acordado um novo rumo para a executiva. Nesta data encerrava o 32º CoNEL (Conselho Nacional de Entidades de Letras) que aconteceu no campus Recife da UFPE e contou com a participação de entidades como: o CALVM, Centro Acadêmico de Letras Vinícius de Moraes da Faculdade São Luís de França; 0 CALL UFSC, Centro Acadêmico de Letras Livre da Universidade Federal de Santa Catarina; o Diretório Acadêmico de Letras da Universidade Federal de PernambucoNo CoNEL foi aprovado uma nova maneira de construção e desenvolvimento de nosso maior fórum: o ENEL.
Conforme relatoria enviada a lista, o ENEL terá uma nova estrutura em que os estudantes de Letras serão integrantes tanto da construção do mesmo quanto do desenvolvimento do mesmo.Observe abaixo parte do projeto do ENEL SUL:
Nova Metodologia
A sociedade em transição: Conhecimento como prática de liberdade
As discussões realizadas nas reuniões para a possibilidade de um XXXIII ENEL ser na região sul do Brasil, proporcionaram-nos a visão de um mundo em transição, como bem pontua Paulo Freire (1967, p. 29). É claro, que o educador falava de outra transição em que advogava por um ensino para todos e não a mera reprodução dos conteúdos definidos como importantes para a elite escolarizada. Dessa forma, ele contribuiu para a redefinição do sentido da educação, lutando por um ensino menos meritocrático, que visse as pessoas como diferentes e ampliasse as suas possibilidades de acesso à cultura produzida pelo homem. A partir dessas questões, começamos a pensar no mundo contemporâneo, fragmentado, de grande depósito de informações, em que as pessoas se vêem perdidas e não conseguem realizar seus projetos de vida.
Por acreditarmos na possibilidade do amadurecimento das discussões pelo âmbito coletivo e ligarmos as discussões às reivindicações da plenária final do último ENEL/Goiás, vimos a necessidade de uma proposta diferente que ressignifique as práticas acadêmicas, políticas e culturais dos encontros de letras, no intuito de ressignificar, assim, as práticas do movimento estudantil de letras como um todo.
Para pensarmos nessa nova proposta realizamos um trabalho de auto-crítica e revisão das práticas estabelecidas em âmbito acadêmico, político, cultural dos encontros de letras impulsionados também pela urgência da união desse tripé do movimento estudantil.
As práticas acadêmicas sempre ocorreram de forma hierarquizada, por meio do sistema de mesas, em que convidados faziam as falas e estudantes tinham pequenos espaços para questionamentos. É nessa lógica, que o conhecimento era posto e não composto pelos participantes dos espaços. Assim também ocorria com os trabalhos apresentados pelos estudantes como, por exemplo, as comunicações. Tais trabalhos eram apresentados num curto tempo e sem debate, quase de forma monológica. As perguntas que nos fizemos foram as seguintes: Como amadurecer as pesquisas e os conhecimentos dos propositores e dos ouvintes dos trabalhos sem a discussão e o debate acerca do tema? E ainda, como trabalhar de forma com que esses espaços voltem a ter sentido de trocas, de amadurecimento, de discussão para os estudantes de letras? Nos ancoramos numa proposta construtivista para tentar responder essas questões de modo a reacender a vontade de composição de um coletivo, de resgate do sentido do profissional de letras com todas as responsabilidades políticas e sociais que estão imbricadas nesta função.
Assim, como forma de romper com o status quo, romper com a acomodação dos encontros anteriores onde os acadêmicos não se viam enquanto construtores do evento, mas sim como consumidores, propomos uma nova metodologia a ser experimentada no XXXIII ENEL, que será realizado em 2012. Ressaltamos que o evento funcionará em forma de brigadas, isso é, os acadêmicos credenciados no evento se reunirão sob um número e apresentado o cronograma do evento, disporão de seu tempo para contribuir efetivamente na construção do evento, seja na limpeza, seja na alvorada, seja na segurança, seja na alimentação, etc. As brigadas cogitadas para o evento são:
Brigada da Alvorada: ficará responsável pelos horários do evento. Assim, ao primeiro horário da manhã despertará os congressistas com o intuito de fazer com que não hajam atrasos no cronograma. Da mesma forma, os que ficarem nessa brigada, ficarão responsáveis por fiscalizar a pontualidade das atividades, convidando os participantes a não se atrasarem.
Brigada da papinha (alimentação): ficará responsável pela alimentação do evento, isso é, irá preparar o café da manhã, irá recolher os tickets das refeições e numa possível falta de Restaurante Universitário, serão a responsável por preparar a alimentação do evento, além da limpeza dos espaços da alimentação.
Brigada da Segurança: ficarão responsáveis por zelar pela segurança física e patrimonial do evento, isso é, além de atentar os participantes sobre o regulamento do evento, fiscalizará possíveis atos que atentem contra o patrimônio público da Universidade Federal de Santa Catarina, tais como pixação de paredes, uso indevido de materiais e móveis, etc. Essa brigada também se encarregará de fiscalizar a permanência de pessoal não autorizado nos espaços de alojamento;
Brigada de Limpeza: ficará responsável pela limpeza dos espaços do evento, tais como alojamento, banheiros, toaletes e praça da cidadania após a festa, etc. Essa brigada é, talvez, uma das mais importantes e conscientizantes do encontro. Ao perceber que todo o lixo produzido será recolhido e que toda a sujeira feita será limpa pelo próprio participante, espera-se desenvolver no encontrista um espírito de coletividade, de consciência ética, de cuidar ao mesmo tempo de si e dos outros que o cercam;
Brigada de Sistematização: ficará responsável por colher em todos os espaços do evento os encaminhamentos dos grupos de discussão e, ao final, fará a sistematização de todos os encaminhamentos e os entregará à plenária final do evento para ratificação.
Vale ressaltar que o sistema de brigadas funciona de forma alternada, isto é, enquanto num dia uma brigada fica responsável pela segurança, no outro esta mesma brigada ficará responsável pela limpeza, e num outro pela alimentação e assim sucessivamente. Cada brigada será coordenada por um membro da Comissão Organizadora.
Quanto aos espaços de divulgação e discussão de conhecimento, seja ele político, acadêmico ou cultural, ao invés de constituirmos mesas, palestras, seminários, onde o conhecimento e veiculado de forma hierarquizada, iremos propor apenas círculos de discussão, assim, nossa proposta é desierarquizar o conhecimento e fomentar no encontrista o espírito de construção coletiva.
Os acadêmicos interessados em apresentar suas pesquisas encaminharão à comissão científica do evento, além do resumo/proposta do trabalho, também uma bibliografia mínima para que os demais encontristas possam se preparar e discutir seu trabalho nos círculos de discussão. Não nos interessa a pesquisa acabada: interessa-nos o processo que levou o acadêmico a chegar a tais conclusões e é justamente esse processo coletivo de construção do conhecimento que queremos fomentar com essa nova metodologia do ENEL Sul 2012.
Por ser um evento estatutário, ocorrerá todos os dias num ambiente específico e num horário determinado uma assembleia para a elaboração do novo estatuto da ExNEL. Assim, solicita-se que os acadêmicos discutam previamente em suas universidades o modelo de entidade que queremos, para assim, pautá-la na assembleia estatutária.
Em se tratando de ENEL, deliberações deverão ser tomadas no tocante às bandeiras de lutas e modelo de atuação da Executiva Nacional dos Estudantes de Letras. Nesse sentido, manteremos as plenárias deliberativas de catáter inicial do evento, plenárias estaduais, plenárias regionais e plenária final (nacional).
Modificamos qualitativamente a proposta cultural do XXXIII ENEL. Nossa proposta é declinar da quantidade excessiva de festas que ao nosso ver não fomentavam as discussões culturais pertinentes aos estudantes de letras, mas serviam de espaço altamente corrompido de integração. Assim, nosso projeto comtempla apenas três confraternizações de proporção universitária, isso é, entre 500 e 5 mil pessoas, quais sejam: a cultural de recepção, o tradicional Transenel, espaço de cunho político-cultural que fomenta a discussão de gênero e opressões e a festa de encerramento do encontro. Durante os demais dias, a CO faculta-se a realizar pequenos happy hours de cunho integrativo entre os participantes, durando até no máximo, 2h da madrugada.
Para as amostras de culturas regionais, como é tradição nos eventos de Letras, reservamos o espaço do “projeto 12:30” da UFSC, que é realizado toda a quarta-feira ao meio-dia e meia. No caso do ENEL, expandiremos o projeto a todos os dias do evento, abrindo-se, assim, espaço para a veiculação das culturas de todas as regiões do país.
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