A LINGUAGEM LITERÁRIA
por José Carlos da Silva Júnior
Todos os dias, passamos pelos mesmos locais, vemos as mesmas matérias e seres e, pelo fato de vivermos rotineiramente, acabamos automatizando a nossa percepção sobre a realidade, vendo os objetos que nos rodeiam como meros utensílios.
A literatura trata de ampliar essa percepção e desautomatizar nosso ponto de vista (...).
A literatura tem como matéria-prima a palavra, o signo, que é significado e significante, não sendo, no entanto, o artista literário, um mero transmissor de informação. Por meio da atividade artística, transforma-se o signo lingüístico em signo poético, atribuindo-se vários significados a um só significante, dando-lhe uma nova vida.
Distinguimos aqui dois tipos de texto: o texto não-literário, onde predomina a denotação, a linguagem objetiva, e o texto literário no qual ressalta a importância da conotação. A “vantagem” do texto literário é ele comportar multissignificados, várias leituras possíveis, o que nem sempre é desejável ou possível no texto não-literário, em princípio, monossignificativo, univocal.
Outro fato a chamar a atenção diz respeito ao caráter transgressor e criativo do texto literário, cujo objetivo é desfamiliarizar percepções automatizadas pelo leitor. Ou seja, a linguagem literária não necessita ser gramaticalmente “correta”, sendo que o artista literário muitas vezes transgride a norma culta dizendo assim muito mais do que ele conseguiria usando a forma gramatical padrão.
Vemos então, no texto literário, a “literariedade” se constituindo em oposição à “literalidade”. Aquela se apresenta quando o autor troca a forma literal pela literária ao recriar a realidade, provocando assim certo estranhamento no leitor. Dessa maneira, pela sua linguagem inovadora, a literatura se opõe aos textos comuns, isto é, não literários.
Parabéns pelo seu trabalho. A síntese ficou bem autêntica.Continue assim colega!
ResponderExcluirAbraço da amiga
Vera Norma